domingo, 6 de agosto de 2017

Aborto: o que o cristão deve saber

Exerço a medicina há 7 anos, não foram poucas as vezes que pacientes grávidas me pediram para ajudá-las a abortar. Agora, exercendo a Ginecologia e Obstetrícia, os casos são ainda mais frequentes, para não dizer diários. O mesmo acontece com os outros colegas. Infelizmente, há profissionais ávidos por dinheiro que cometem esse crime sem questionar.
O aborto é permitido em nosso país nos casos de má formação incompatível com a vida (anencefalia fetal), resultante de estupro ou risco para a vida da gestante. Mas ser permitido por lei não significa ser moralmente aceitável.
Nos casos de anencefalia, que, ao pé da letra, significa ausência do encéfalo (ou tubo neural), estão incluídos casos onde o tronco cerebral está presente, garantindo as funções vitais preservadas. É patologia que geralmente determina cegueira, surdez e inconsciência, mas é possível a sobrevida, sem ser possível determinarmos o tempo desta. O bebê poderá sofrer parada cardiorrespiratória horas ou dias após o nascimento.
Um diagnóstico de anencefalia não justifica tirar a vida desse bebê. No ano de 2006, nasceu uma menina no município de Patrocínio Paulista cuja mãe recebeu o diagnóstico de uma gestação de feto anencéfalo. A menina Marcela de Jesus Galante Ferreira viveu por quase DOIS ANOS, e faleceu após uma pneumonia aspirativa. O diagnóstico de anencefalia certamente favoreceu esse quadro, pois seus reflexos eram mais lentos. Mas se isso não tivesse ocorrido ela poderia estar entre nós até hoje. Com suas limitações inerentes à doença, obviamente. Mas um defeito físico não é motivo para uma sentença de morte.
O quinto mandamento determina: “não matarás”. Ao realizar um aborto, estamos violando a lei de Deus. Mesmo que com ordem judicial. Sendo resultado de estupro ou de anencefalia. Não há desculpas para realizar esse ato, mesmo que com brechas na lei dos homens! Em hipótese alguma eu permito que isso aconteça entre minhas pacientes! A lei permite à mulher realizar o “parto antecipado” de bebês com anencefalia, e na maioria das vezes em que isso ocorre, esse parto é bem anterior à data certa do final da gestação. O que, inevitavelmente, leva à morte do recém-nascido. Mas se a gestante levar a gravidez até o final, essa criança poderá sobreviver como a menina Marcela. Mesmo que o bebê venha a óbito, somente a Deus cabe determinar o dia da morte.
Muitas mulheres também engravidam após estupro. A lei também permite o aborto, com a justificativa de garantir a saúde mental da mãe. Mas a vida do bebê não tem a menor importância. Muitos justificam esse ato dizendo que nas primeiras semanas o bebê não tem consciência. Ledo engano! Já na terceira semana de gestação começam a se formar as células nervosas que posteriormente (na quarta semana) começarão a formar as diferentes partes do cérebro. Segundo o Papa O João Paulo II, “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os bispos [...], declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constituiu sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente [...]. Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja” (texto da Encíclica Evangelium vitae, nº 63, de 25 de março de 1995).
Esse ato é tão grave que é punido com a excomunhão, que está prevista no Código de Direito Canônico, no cânon 1398: “Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae”. Isso quer dizer que está automaticamente fora da Igreja e excluído dos sacramentos!
Ainda existe a permissão para o aborto nos casos de risco de vida à gestante. “Portanto, até os fios de cabelo da vossa cabeça estão todos contados. Não temais!” (Lucas,12-7). Muitos casos de risco são hoje crianças saudáveis e mães idem. Ninguém sabe mais de nossas vidas que o Médico dos Médicos. Ele é capaz de curar qualquer enfermidade. “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida?”(Mateus 6,27). Por mais que as ciências médicas estejam avançadas, ninguém é capaz de prever o prognóstico de um paciente. Nem o melhor médico, nem o melhor exame.
Se nos casos em que a lei dos homens permite o aborto já julgo ser moralmente inaceitável, maior é a minha indignação quando a mãe quer o aborto por não ter condições físicas ou financeiras para criar o bebê. “Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida? E por que andais preocupados quanto ao que vestir? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Eu, contudo, vos asseguro que nem Salomão, em todo o esplendor de sua glória, vestiu-se como um deles.” (Mateus 6, 27-29). Entregar-se à vontade de Deus é mais que um ato de fé. Se Deus permitiu que uma vida fosse concebida, ele também proverá a sua subsistência. Não importa o tamanho de uma tribulação, nada é maior que Deus. “Porquanto ele me ama, Eu o resgatarei; Eu o protegerei, pois este conhece o meu Nome. Sempre que chamar pelo meu Nome hei de responder-lhe; estarei sempre com ele; nos momentos mais difíceis, quando enfrentar tribulações, Eu o resgatarei e farei que seja devidamente honrado. Eu o contemplarei com vida longa e lhe revelarei a minha Salvação”, assim disse o Eterno!”(Salmo 91, 14-16)
Em todos os casos em que pude acompanhar pacientes que se submeteram previamente a um aborto, sempre há culpa e um grande remorso. Muitas o fizeram sob pressão de maridos, namorados, às vezes dos próprios pais. Não é um ato inócuo, mesmo quando as mulheres o fazem por livre e espontânea vontade, a culpa sempre vai existir. Muitas vezes ocorre um remorso tão grande que chegam a atentar contra a própria vida. Há de se ressaltar que a mãe não é a única culpada, também incorrem em culpa aqueles que a induzem e aqueles que, podendo evitar, não o fazem.
Muitas mulheres morrem ao tentar realizar um aborto. A quinta maior causa de morte materna é o aborto com suas complicações: hemorragias extensas e sepse são as mais frequentes. Isso sem contar as complicações a longo prazo: formação de aderências acarretam dores intensas por toda a vida. Em muitos casos pode ocorrer esterilidade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

MOB: MÉTODO BILLINGS

Método de Ovulação Billings É um método de regulação natural da fertilidade desenvolvido nos anos 50 pelo australiano John Billings. Reque...